Cinza
Todas as vezes que eu falo sobre a minha morte, Deus ~minha Mãe~ muda de estação
À luz de velas vejo meus liames vitais entrelaçados, escorregadios
Elevo-me aos céus e alcanço as órbitas adjacentes de meus mais convexos impulsos
Aquelas dilacerantes escolhas que outrora pareciam consertantes
Machadianamente, vejo as minhas carnes dissolverem-se no âmago deste planeta multicolorido
Dores, pois se mais uma vez Tu fores, ainda mais uma amarei
Além da flor que brota e da ave que gorjeia, juntos somos o café da tarde à beira de algum lago triste
Ao som do maracá, meu coração leviano encontra rédeas brincantes para engatinhar
Onde mergulharia Eu, se meus olhos fossem como os teus?
Ao chão, indicam as flores que cada triz de lágrima foi em vão
Passo meus dias velando minha própria alma, em paz
Aguardando... Descanso
Recolho recortes de fracasso
Afim de com esmero produzir bons retalhos
Quem sabe uma colcha ornada de meus próprios bugalhos
O cinza outonal envolve de mistério meus dias
Me excedo de sonhos que não se comportam
Exortam minha alma ao avanço que precede a conquista
Sinto cada insulto como cravos em minhas entranhas
Como poderei transformá-los em rosas?
Fazê-los exalar o aroma da gratidão pelo aprendizado após cada esmigalhar
As tragédias, todas elas, são feitas de amor
Rancores paralizantes
Ansiedades excrucitantes
A jornada é feita
Tanto vivos quanto mortos agem
Os rostos ruborizados revelam a diferença de suas origens
Já morri e tornei a voltar o suficiente para saber
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